Tem dias em que eu
quero escrever versos, coisas bonitinhas e metrificadas, coisas bem
definidas, diretamente direcionadas a alguém que chame a minha
atenção de algum modo. sabe, eu adoro versos e adoro sentir o
quanto eles podem ser um canal pelo qual os meus sentimentos passam.
Mas hoje não, hoje
amanheci com com vergonha de alguns versos que já escrevi – é que
eles eram tão lindos, tão cheios de bondade e amor...- Pobres
versos, sempre vítimas da má avaliação do criador os
pobrezinhos. Eles já foram tantas vezes estuprados e vulgarizados
que hoje eu prometi que não escreveria verso nenhum.
Hoje estou de luto por
cada pequeno verso que escrevi e não valeu a pena; Cada palavrinha
mal amada, cada versinho dito cheio de amor que ficou abandonado em
um banco de praça; Cada poema mal nomeado em nome de algum amor
passageiro, cada folhinha de papel que compôs o corpo e a cada gota
de tinta que lhe foi como sangue; Sabe, eu não quero esquecer deles,
eu quero é que eles saibam que eu sinto muito. Essas desculpas não
deviam ser minhas, deviam ser de cada causa de poema que não lhe fez
jus, a cada um deles que foi amassado, jogado fora ou mesmo deletado
como é tão comum nesses dias de letrinhas virtuais sem sentimentos;
Cada pessoa em cada pequena coisinha ignorada sobre tudo que estava
além das linhas.
Desculpem versinhos,
desculpem por isso que também me dói.
Hoje eu não vou
escrever poema nenhum. Hoje eu vou levantar da cama, olhar a vida e
guardar os versos para outro dia. E se de repente eu teimar em fazer
versos sobre o sol ou sobre uma gota d'água, não direi nada a
ninguém; Eles terão a data de amanhã que é sempre o dia mais
bonito da vida de quem tem esperança. E depois nunca vi o sol ou uma
gota d'água desprezarem um poema ou lhe tirarem o sentido. Quem sabe
versejar os cães, ou as latas de lixo, ou minha gatinha cinza que
sempre me acompanha nas frequentes noites de insônia, mas não mais
quem destrói o sentido da pureza que eu ponho nas linhas do que
escrevo, pelo menos não hoje.
E amanhã, quando eu
voltar a ter vontade de escrever para alguém, vou me perguntar se
realmente devo, e fazer antes de colocar os versos no papel, uma
oração e um pedido de desculpas por não poder evitar a perda de
outro versinho puro, corrompido pelo tolo amor do criador, e tão
triste por não encontrar fora de si mesmo algo que pelo menos se
pareça com amor.
Versos, quem irá entende-los. Piores que eles, apenas os autores...
ResponderExcluirVerdade amore mio, quem nos protegerá de nós mesmo?
ResponderExcluirrsrsrsrs