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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Aos gentis e carentes, com todo amor que me resta

         Quero de volta a minha vontade de dizer, de expressar com força a minha opinião, aquela gana para falar de mim como quem sabe e não como quem pensa que esqueceu os detalhes quando são eles que fazem a diferença.
        Eu quero o troco. Quero, eu sei, porque já paguei caro demais pelas coisas que não ganhei.
Dura estrada espinhenta,
Canto rouco em verso e prosa;
Sigo sempre em marcha lenta,
Deixo aos espinhos sangue para a rosa.
         Eu vou, eu sou durão. Sou muito teimoso para admitir qualquer lógica que me separe dos sonhos.
Os sonhos são o que resta; O mundo é um retrato velho jogado na água e todo dia eu subo à superfície para respirar.
Quem sabe se um dia eu não arrasto o mundo comigo e o meu povo respira?
Quem sabe eu não trago à tona o Brasil de poetas sem teto que passam fome e amam os livros?
Quem sabe eu não possa mostrar que na irmandade da mendicância há muito mais poesia do que na fartura de quem se basta?
         Eu preciso é dos miseráveis e dos animais doentes, dessa gente triste e sorridente que ocorre por todos os cantos da minha realidade...
Sabe o que eu descobri? Com esses é que tenho irmandade, e para esses eu canto!
Rouco, louco...
Muito ou pouco!
Vou rimar quando me der na telha e dizer o que preciso que saibam nas elites considerando toda forma de expressão, porque eu sou outra voz dos desfortunados e sei que eles precisam não da minha poesia, mas de qualquer poesia que seja para seguir em frente.
         Quem sabe não ajudo a puxar o quadro velho e faço do mundo um lugar enfestado de loucos inofensivos e apaixonados, inebriados pela graça e beleza dos clows shakespearianos?
Quem sabe não ensino a certos homens que não é preciso ser santo, apenas bom o bastante?
Quem sabe um dia alguém não gritará alto meu nome dizendo-me herói de qualquer nobre cruzada, não em nome de qualquer deus, mas em nome do fim da covardia e do esquecimento dos quais há tantas vitimas?
         Ah meus amigos, venham comigo, falem exatamente o querem falar, o que precisa ser dito.
Eu apagarei, vocês apagarão. Somos cigarros nas mãos do tempo, queimando devagarinho; morrendo dia após dia, esperando para ser feliz depois, quando a casa da certeza é o agora.
Eu não vou mudar o mundo, eu sei disso, mas eu vou morrer tentando e se alguém vier comigo tudo vai ter valido a pena; Eu não terei sonhado sozinho, gritado sozinho, enlouquecido de amor pelas coisas, pelos necessitados e gentis sozinho.
         A minha alma vai nos versos e eu deixo neles o meu legado, prova de que os carentes de sorriso largo tem alguém que os ama, que os bichinhos famintos e inocentes tem alguém que pensa neles e, enquanto eu puder, subirei à superfície para respirar cantando para mim, para eles e para todos os que sentem como eu a necessidade de um quadro novo e de um mundo melhor.